"Seu estudo constata elevada correlação entre o uso freqüente dessas palavras [palavras que classificam e julgam as pessoas] e a incidência de violência. Não me surpreende saber que existe consideravelmente menos violência em culturas nas quais as pessoas pensam em termos das necessidades humanas do que em outras nas quais as pessoas se rotulam de “boas” ou “más” e acreditam que as “más” merecem ser punidas." Rosenberg
A CNV é uma linguagem nova, como qualquer outra linguagem. Alguns a chamam "a linguagem da vida", devido ao foco do que está vivo em nós, e nos outros.
Quando aprendia outras linguagens sempre havia a dificuldade de traduzir, nem tudo se traduz de forma eficiente, ou mesmo de pegar a mecânica da linguagem nova, como plural de substantivos ou mesmo a ausência digamos do feminino e masculino. O que aprendi ao ficar seis anos com outra língua era a dificuldade de expressar emoções, eu usava a linguagem sempre de forma neutra, pois não sabia como expressar emoções: sabemos na nossa língua nata como criticar, como ofender, como elogiar e mais; notei padrão parecido com meu supervisor belgo, usando Português.
Um conselho que recebi de um professor para aprende inglês e grande amigo: não traduza, pense na linguagem, direto.
Na CNV não é diferente. O que alguns praticantes chamam de “tornar a CNV natural” seria uma tradução do mundo real em CNV e vise e versa, sem perder o contato com a linguagem do ambiente, mas sem ser pego na linguagem violenta que aprendemos socialmente.
O budismo menciona esse fenômeno como importante: falar a língua da pessoa ou grupo que está se comunicando.
Algo que aprendi depois de aprender italiano, morei na Itália por seis anos: a linguagem que usamos é ensinada!
Nosso cérebro, depois de um tempo, internaliza a nova linguagem como se fosse nossa; segundo um amigo do Nepal, eu falava em inglês quando dormia, eu falo dormindo. A linguagem nata é apenas a primeira linguagem que usou, não é algo que fica cravado, apesar de termos pouca consciência disso. Com esforço, algumas pessoas conseguem até tirar o acento para soar como nativos.
A CNV é o que podemos chamar de linguagem dinâmica, as linguagens predominantes são estáticas. Linguagem estáticas falam o que a pessoa é, não o que pessoa está sendo. Diz-se, “você é burro”, “você arrogante”. Tirando o fato de que são rótulos, julgamentos, avaliações, e vamos falar mais disso, existo absolutismo, isso tira da pessoa a consciência de mudança. Se estou sendo arrogante, será se posso mudar? Claro que sim! Contudo, fique atento, arrogância é um julgamento. Alguns podem chamar a pessoa de arrogante, outros de confiantes, outros de ousado, outros de humilde, a mesma pessoa. Mesmo que seja CNV 10%, poderia julgar o comportamento, isso daria margem para mudança, mas mesmo assim estamos falando de algo passível de julgamentos.
Como exemplo, em algumas culturas africanas, como destaca Luvvie Ajayi Jones em TED talk “Get comfortable with being uncomfortable”, mulheres que lutam por direitos são “problemáticas”, homens já não o são. Em Nova Acrópole, Ana Beatriz Pignataro, faz uma metáfora interessante. Se ver uma pessoa alta, isso depende. Um exemplo pessoal. Namorei uma garota de outro país, quando morava fora. Sou considerado “baixo”, ou “estatura média”, mas para ela eu era “alto”. O Marshall dá um exemplo interessante. Uma pessoa em um workshop diz não querer que uma pessoa grite com ela, isso seria “falar alto”, parece que em algumas culturas, falar alto pode ser respeitoso.
Eu mesmo, quando fico entusiasmo e engajado, posso falar mais alto e rápido: isso seria uma forma de engajamento honesto, mas alguns parecem interpretar como “ficar nervoso” (julgamento!); não somente julgam, como costumam agir com certezas, como “bater de volta”, tornando uma discussão interessante, em um tribunal.
Outro exemplo interessante vem de Doug Stone & Sheila Heen em Thanks for the Feedback em Talks at Google. Lembre-se que vamos falar mais disso, existe uma forte correlação entre esses autores e a CNV. Duas pessoas tinham problemas em uma empresa. Uma era classificada como “agressiva”, pessoa sem filtros na fala, outra como “fujona de conflitos”. Quando confrontadas, uma explicou que na vida dela, se comunica “atacando”. Existe muitos exemplos em literaturas variadas sobre essa dinâmica perigoso, onde formamos opiniões das pessoas, e nos apegamos à essas opiniões. Parece-me que levamos até para o lado pessoal se a pessoa se mostrar diferente do que esperávamos, como uma afronta ao nosso intelecto.
Lembrete. ao assinar o plano, você está ativamente participando do processo de escrita! Não deixe de deixar seu feedback.
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